Mesmo vista pela OMS como a zoonose mais preocupante de todas, não há controle sobre a doença que pode atingir também os seres humanos
Hoje a leishmaniose visceral americana (LVA) é encarada pela OMS - Organização Mundial da Saúde - como a zoonose mais preocupante e que merece maior atenção entre todas as doenças que atingem animais. Que fique claro desde o início desta nossa conversa: a LVA é complicada por qualquer lado que se observe, e com muitos fatores complicadores.Porque esta preocupação toda? Em primeiro lugar, porque no Brasil o Ministério da Saúde coloca a zoonose como de notificação obrigatória, e todo cão soropositivo deve ser sacrificado.
E a zoonose pode ser fatal para humanos. Os números divulgados recentemente pelo BEPA - Boletim Epidemiológico Paulista (edição 48) mostram que a zoonose vem crescendo no estado de São Paulo. E no Brasil, em geral, ocorre algo parecido.
A taxa de letalidade em 2006 foi de 4,5 e, até novembro de 2007, esta taxa aumentou para 8,5%, e isso é muito preocupante.
A doença é de difícil diagnóstico tanto em humanos quanto em caninos.Há maior incidência em humanos com baixa defesa imunológica, maior em crianças e idosos.O teste utilizado para triagem de animais em zonas endêmicas não é definitivo. Mas, pela resolução do Ministério da Saúde, ele serve para condenar o canino ao sacrifício.
Mas o cão é apenas um dos reservatórios para o verdadeiro vetor da doença que é o mosquito conhecido vulgarmente como mosquito palha ou flebótomo. O mosquito é pequeno (1 a 2mm), prolifera em toda e qualquer matéria orgânica e é de difícil combate. Ele é o inimigo a ser combatido!
Para um humano ser infectado ele precisa ser picado pelo mosquito, que, anteriormente, picou um animal infectado. Não há transmissão direta do reservatório animal canino (mamíferos silvestres como gambás, raposas e lobos também podem servir de reservatório) para o homem.Os números de animais sacrificados por serem soropositivos nos últimos anos passa da dezena de milhares. Principalmente nas áreas endêmicas como Campo Grande, Baurú e Araçatuba, para citar as principais cidades.
Como prevenir?
Não vamos aqui nos deter nos aspectos técnicos de transmissão e diagnóstico, pois são muitos fatores diferentes e, nem sempre os animais apresentam sintomas. Um cão pode levar mais de um ano após o contato com o flebótomo infectado até manifestar algum sintoma ( ou mesmo vir a óbito sem sintoma aparente) logo, o mais importante é evitar o mosquito:
- O mosquito tem preferência para picar entre o entardecer e anoitecer (o popular lusco-fusco) e os animais devem ser recolhidos neste horário
- Procure utilizar telas de malha fina para evitar a entrada do flebótomo
- Evite levar seu animal para zonas onde sabidamente existe a leishmaniose
- Utilize coleiras com piretróides. Seu efeito protetor dura de 4 a 6 meses
- Mantenha o entorno de sua residência livre de matéria orgânica. Recolha sempre folhas secas ou, no caso de árvores frutíferas, aqueles frutos que caem no solo.
- Cobre do município a limpeza pública e o combate a focos de mosquitos.O que ajuda um pouco é que o flebótomo tem pequena área de ação. Dependendo da presença ou não de ventos, seu alcance em voô é de 150 a 200 metros.
Nas áreas endêmicas está liberado o uso de vacina, somente para animais detectados como não infectados. São necessárias três doses com intervalo de 21 dias. Procure sempre a orientação do veterinário.A situação geral da leishmaniose visceral americana é grave, e somente o conhecimento e prevenção poderá proteger nossos animais. É preciso que o Ministério da Saúde atue com maior vigor no combate a esta zoonose levando informação, educação e sugerindo medidas simples de prevenção como as citadas aqui.
Colocar o cão como o único responsável pela transmissão é uma atitude simplista e irresponsável. Então, cuidado! Se o atual quadro de combate à leishmaniose continuar, em breve ela estará em sua cidade...
Fonte: iTodas
quinta-feira, 10 de abril de 2008
Cuidado: A Leishmaniose canina pode estar perto de você
Postado por
J.Lage
às
13:40
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