Essa prática é considerada um crime, mas muita gente, de maneira irresponsável, ainda se desfaz de seus animais.
Juliana Bussab, jornalista e fundadora da Ong Adote um Gatinho, fala um pouco a respeito do assunto. Para ela, a principal causa do abandono é a falta de informação na hora de cuidar de seus bichos.
Veja o relato:
Uma gatinha de nome Chica, depois de ser resgatada da rua, foi adotada por uma pessoa que se comprometeu a cuidar dela. Mas a Chica escapou por um buraco da rede de proteção e caiu 7 andares. Ficou paralítica, não faz mais xixi ou cocô sozinha, precisa de cuidados especiais.
Ela virou um problema, que muitas pessoas solucionam da maneira que acham mais simples: se desfazem dos bichinhos. E aí alguma Ong de proteção animal os recolhem da rua, como aconteceu com a Chica, ou então os ditos donos, pensam: como vou me livrar sem colocar na rua? E aí abandonam em pet shops, fingindo deixar os animaizinhos para banho, e nunca voltam para buscá-los. Ou amarram na porta da casa de alguém que sabem que gosta de animais. E, muitas vezes não se dão ao trabalho mesmo e os abandonam à própria sorte em um lugar qualquer que não sejam vistos e possam esconder seu crime.
Muita gente acha que os abandonos de animais são casos isolados, daqueles que a gente ouve falar vez e outra. Mas a realidade é dura e muito diferente. Diariamente centenas de animais são abandonados em todo mundo. Nas grandes capitais, o número é maior. Ainda que seja crime previsto por Lei Federal, as pessoas se desfazem dos seus animais como se fossem sacos de lixo. Mas isso não é privilégio dos brasileiros. Na Europa os animais são abandonados às dezenas na época das férias escolares e verão. As famílias vão viajar e deixam os cães amarrados em postes nas estradas para que as Ongs os recolham ou alguma pessoa de bem. Mas eles são um pouco mais preocupados que os brasileiros, pois estão sempre publicando campanhas de conscientização sobre essa crueldade.
As duas causas
O abandono tem dois motivos: A principal delas é a reprodução descontrolada dos animais. Os animais domésticos que não são castrados cruzam e as crias indesejadas são jogadas nas ruas pelos próprios donos dos animais. Os que têm sorte conseguem ser adotados. Os menos sortudos morrem atropelados, envenenados ou famintos em algum lugar. Os que não morrem assim, acabam nas mãos do Centro de Controle de Zoonoses, a famosa carrocinha, e, depois de três dias, são eutanasiados - explicando com outras palavras: são mortos com uma injeção letal. O crime? Terem nascido.
A prefeitura gasta muito mais para matar esses animais do que se mantivesse um programa de controle populacional. Se a população carente pudesse castrar seus animais de graça, o fariam, e todas essas ninhadas abandonadas não estariam nas ruas, procriando e aumentando o problema cada vez mais.
Muitas ongs e voluntários se organizam para que os animais das pessoas sem condições de pagar o preço alto de uma cirurgia de esterilização tenham acesso a cirurgias mais baratas. Os veterinários colaboram e trabalham por amor aos animais. Mas, mesmo assim, o custo da cirurgia gira em torno de R$ 40 ou R$ 50 reais, e pedir para uma assalariado que ganha R$ 300 mensais dispor dessa quantia para operar sua cadelinha é muito para ele.
A outra causa do abandono é que as pessoas muitas vezes compram animais de estimação e não estão preparadas para um compromisso que deve durar uma vida toda. Quando o gatinho ou cachorrinho ficam doentes, crescem demais, ou dão trabalho, as pessoas insensíveis os descartam. Já vi gente que não quer mais o gato porque engravidou, porque vai casar e mudar, porque ele arranha o sofá, porque ele fez xixi fora do lugar, e outros motivos banais. A verdade é que não se abandona um animal, nunca, em hipótese nenhuma. E se por algum motivo realmente legítimo você tiver que se desfazer dele, encontre para ele uma outra boa casa e uma família amorosa.
Mas, lembre-se das palavras de Sant Exupéry, no livro O Pequeno Príncipe: Você é o responsável por aquilo que cativa.
Fonte: Juliana Bussab
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