quinta-feira, 17 de abril de 2008

Nos EUA, gato também faz transplante de rim

Transplante, diálise e hemodiálise. Técnicas conhecidas para tratar humanos, que agora salvam animais. Veja como os veterinários estão combatendo a maior inimiga dos gatos: a insuficiência renal

Nos Estados Unidos, algumas universidades já realizam o transplante de rim em gatos. Sim, em gatos! Doenças renais são muito freqüentes em felinos, pois eles têm dificuldade de processar o sal. A veterinária Angélica Klaussner, especialista na espécie, explica que problemas renais têm relação com a idade e alimentação, mas não é só isso. "A doença é própria da espécie felina, que já tem uma predisposição genética, agravada pelo cruzamento entre gatos da mesma família". Os sintomas iniciais são perda de peso progressiva, aumento do consumo de água e urina em maior quantidade.

A cirurgia
Para realizar um transplante, o bicho passa por uma avaliação para descobrir se há boas chances de fazer uma cirurgia bem sucedida. Caso haja, os veterinários colhem sangue do animal para determinar a compatibilidade com o doador.

O doador é um dos muitos gatos mantidos pelas universidades americanas, em idade adulta e perfeito estado de saúde. As instituições que realizam a cirurgia exigem que o dono do gato doente adote o animal que irá doar o rim, pois nenhum gato doador pode ser sacrificado nesse tipo de programa.

O receptor também deve estar dentro das exigências dos veterinários. A idade não é fator determinante, mas influencia na escolha do animal que, independentemente da gravidade da insuficiência renal, não pode ter apresentado anteriormente doenças significativas no coração, recorrentes infecções do trato urinário ou câncer. As cirurgias dos dois gatos envolvidos são realizadas simultaneamente. Quando as conexões vasculares estão completas, o rim doente é trocado. O procedimento todo leva, em média, de 4 à 6 horas.

Resultados e recuperação
O gato que recebe o rim tem alta após 14 dias, mais ou menos - tempo suficiente para que os medicamentos façam efeito e o rim esteja funcionando normalmente. Depois de voltar para casa, o felino faz exames toda semana. Se tudo correr bem, as visitas ao médico são espaçadas para intervalos de 3 ou 4 meses para novas avaliações. De qualquer forma, o gato ficará em constante observação.

Os veterinários indicam que os gatos transplantados não passem por situacões de estresse e não tenham contato com outros gatos, além dos que ele já convivia. As maiores complicacões que surgem depois do transplante estão relacionadas à rejeição ou complicações associadas à imunidade do animal.

O custo da cirurgia nos Estados Unidos é de, aproximadamente, US$ 8 mil. De 60 e 70% dos gatos transplantados vivem cerca de um ano com boa saúde. O recordista sobreviveu mais 8 anos após a operação.

Mas, atenção: os veterinários alertam que esse procedimento é mais um tratamento para a falência renal, e não a cura. O objetivo é proporcionar uma boa qualidade de vida ao gato que não teria chances de sobreviver sem o transplante. Entretanto, o dono não deve esperar que o gato tenha a mesma expectativa de vida de um animal saudável.

Diálise e hemodiálise
Dependendo da gravidade, outros tratamentos são recomendados. Um deles é a hemodiálise, realizada em laboratórios especializados, inclusive no Brasil. "Esse tratamento é pouco utilizado porque exige que o animal tenha um peso acima do que os gatos costumam ter e imobilidade total durante as sessões, o que não é fácil para um gato", diz a veterinária. "A alternativa é realizar a diálise, um procedimento que consiste em injetar um fluído na região peritonial, deixar por algumas horas (dependendo do caso), e depois retirar todo o líquido. O efeito clínico é inferior ao da hemodiálise, mas ajuda no tratamento".

Cuide bem do seu bichano
Conhecida como o mal dos gatos, a insuficiência renal é a doença moderna que atinge grande número de animais e pode levá-los à morte. É moderna por ser resultado da alimentação atual dos felinos, à base de ração. Servir alimento de boa qualidade, mesmo que industrializado, ajuda a prevenir esse tipo de problema, mas não é garantia de que o gato está livre do perigo.

Por melhor que seja a ração, os gatos têm dificuldade em processar o sal, os corantes e outros ingredientes que compõem esse alimento. Com o passar dos anos, eles desenvolvem doenças do trato renal, infecções urinárias e, por último, a insuficiência e falência renal.

Como os sintomas são comuns também em casos de diabetes, muitas vezes há confusão de diagnóstico. Por isso, é importante que o gato seja examinado assim que apresentar os primeiros sintomas. Exames periódicos ajudam a identificar a doença no seu estágio inicial, o que aumenta as chances de reversão do quadro. "Os exames laboratoriais necessários para diagnóstico são: função renal, urina, ultrassom e hemograma" afirma Angélica.

Dependendo do caso, o veterinário indicará a alimentação mais adequada para o animal. "O tratamento indicado é controle nutricional, porque o animal precisa de alimentos com baixas taxas de proteína e fluidoterapia, ou seja, aplicações endovenosas de soro e medicamentos para corrigir a anemia e a proteinuria do animal – que é a proteína eliminada pela urina". Mas, cuidado, não altere a alimentação do seu gato sem orientação. Ao invés de ajudar, você pode prejudicar o desenvolvimento do bicho.

Fonte: Juliana Bussab - Adote um Gatinho

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